28/11/2020

Como será o Natal em tempos de pandemia?

Médicos dizem que ainda não é hora de fazer festas em família. Segundo os especialistas, encontros por várias horas envolvendo pessoas que moram em casas diferentes são propícios para transmissão do vírus


Ilustração: Marcos Silva/Pixabay

Médicos dizem que ainda não é hora de fazer festas em família. Segundo os especialistas, encontros por várias horas envolvendo pessoas que moram em casas diferentes são propícios para transmissão do vírus

Após um ano de isolamento social, lives e mais lives para encurtar distâncias e muita saudade acumulada de familiares e amigos, o Natal se torna ainda mais aguardado: é quando as pessoas costumam se encontrar, comemorar a vida e trocar abraços e lembranças. Mas, assim como o restante do ano, o dia 25 de dezembro também deve ser diferente em 2020. Segundo médicos infectologistas, apesar da queda no número de casos e mortes por Covid-19 no Brasil, este ainda não é o momento de relaxar e promover aglomerações, mesmo que em família. O afrouxamento dos cuidados pode levar a um novo aumento de infecções.

"As reuniões familiares entre pessoas que não moram juntas são tidas como exemplos de alto risco de disseminação da doença, estatisticamente muito relacionadas a um alto grau de contaminação. Sabemos que está todo mundo carente de contato, cansado das medidas restritivas, mas a gravidade da doença ainda acontece, os fatores de riscos continuam, então temos que continuar atentos e tomando as medidas de precaução", afirma o infectologista e diretor científico do Hospital Felício Rocho, Adelino Freire Júnior.

O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, diz que a distração e o relaxamento dos cuidados são um convite para o vírus. "Essas festas são os momentos que o vírus mais adora. São aglomerações por horas, às vezes com bebida alcoólica, em que as pessoas perdem a noção e relaxam completamente. Talvez sejam as situações mais propícias para várias pessoas pegarem e, infelizmente, algumas terem quadros muito graves. Um infectado pode contaminar a família e os amigos todos", pontua.

"O momento de fazer reuniões será quando houver vacina. Sem ela, tudo continua a mesma coisa. Caso contrário, vamos perder o jogo nos acréscimos", completa.

O médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Geraldo Cunha Cury,  reforça que a única solução definitiva é a vacina. Mas o processo será longo até que todos estejam imunizados. "As primeiras pessoas vacinadas serão os idosos, as que possuem alguma doença que justifique e os profissionais da saúde. Vacina para todo mundo, só vamos ter lá para maio ou junho do ano que vem, se as vacinas que estão em testes na fase 3 forem bem sucedidas", diz. "Temos que ter três coisas: paciência, paciência e paciência", conclui.

A pedagoga Ana Carolina Silva, 39, o marido e os três filhos vivem em Belo Horizonte e costumavam viajar todos os anos para passar o Natal com os familiares: alguns vivem no Sul de Minas, e outros, no Ceará. "Neste ano, como estamos ainda seguindo as recomendações da OMS, seremos só nós cinco mesmo. Tem sido difícil, a saudade é grande, mas não temos coragem de viajar para vê-los", conta Ana.

A contadora de histórias Aline Cântia, 39, viu os pais pela última vez no Natal do ano passado. Eles moram em Viçosa, na Zona da Mata, e ela, na capital, com o marido. Os sogros também vivem longe, em Cabo Frio (RJ). Neste ano, o dia 25 de dezembro vai ser diferente: cada um vai passar a data na própria casa, mas todos vão permanecer conectados com a ajuda da tecnologia.

"Acredito que faremos um cardápio especial e compartilharemos com nossos pais e irmãos, para que possamos partilhar da mesma mesa, ainda que à distância, com uma live na hora do jantar. A gente sente saudade, mas acho que neste momento ainda é importante ter este cuidado", afirma Aline.

Por: Rafaela Mansur | Fonte: O Tempo